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Diabetes gestacional: será que eu tenho? O que eu faço agora?

Há alguns dias alguém me falou: “Mas o que está acontecendo? Parece que todo mundo tem diabetes gestacional agora!”

De fato, o diabetes gestacional é um diagnóstico cada vez mais comum, e para algumas mulheres pode ser bastante desafiador. Este artigo pretende ajudá-la a entender melhor esse problema e o que é preciso fazer para seguir a gestação com segurança e tranquilidade.

Gravidez de risco - Dr. Cristiano Salazar - diabetes gestacional

Como médico dedicado à saúde materno-fetal e com muitos anos manejando gestações de alto risco, vi muitas muitas mulheres bastante preocupadas com a “notícia” de um diabetes.  Felizmente, na maioria das vezes são bem manejadas com ajustes simples na dieta. Por outro lado, já pude presenciar desfechos muito ruins em gestantes que não deram atenção aos cuidados recomendados. 

Quem cuida da gestante com diabetes?

O profissional fundamental para cuidar da paciente com diabetes gestacional é o pré-natalista. É ele que vai solicitar os exames apropriados e fazer o diagnóstico. Também vai fazer os encaminhamentos necessários ao nutricionista e ao endocrinologista, para auxiliarem na dieta, monitorização e tratamento medicamentoso (quando indicado). Entretanto, um médico obstetra experiente em gestações de alto risco pode manejar desde o início a maioria das gestações complicadas por diabetes gestacional, sem necessariamente recorrer a outros profissionais, uma vez que somente uma minoria constitui casos complexos.

Dr. Cristiano Salazar
  • Médico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996)
  • Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (1997-2000)
  • Médico Hospital de Clínicas de Porto Alegre, referência em obstetrícia avançada na Região Sul
  • Membro da Comissão Nacional Especializada em Tromboembolismo e Hemorragias da Mulher (Febrasgo)
  • Pós-Graduado em Terapia Intensiva (não especialista)
  • Instrutor em treinamentos sobre Hemorragia Obstétrica e Parada Cardiorrespiratória em Gestantes
  • Experiência e dedicação à Obstetrícia, especialmente a Gestações de Alto Risco
Em busca de um atendimento atencioso e personalizado para uma gradez de risco? Deseja segurança e experiência, mesmo durante uma gravidez sem complicações? O Dr. Cristiano Salazar ofere consultas online e presenciais no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre – RS. Agende agora a sua consulta e assegure o melhor cuidado possível para a sua saúde e a do seu bebê!

Entendendo e Diagnosticando o Diabetes Gestacional

O que é o diabetes gestacional?

O diabetes gestacional é um tipo de diabetes que aparece exclusivamente durante a gravidez. As mudanças hormonais deste período podem dificultar a ação da insulina, levando a níveis elevados de açúcar no sangue. 

É importante entender que esse diagnóstico não reflete uma falta de cuidado ou erro da gestante, mas sim uma reação natural do corpo às mudanças da gravidez. Mesmo mulheres magras e com hábitos saudáveis podem desenvolver diabetes gestacional.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito por meio da glicemia de jejum no início do pré-natal ou com o teste de tolerância à glicose entre a 24ª e 28ª semana de gravidez (período em que existe um aumento dos hormônios  contrários à insulina na circulação).

Mas pode parecer  estranho que, segundo as diretrizes brasileiras atuais (e que seguem as recomendações internacionais mais recentes), os níveis de glicose considerados como  diabetes durante a gravidez não seriam indicativos de diabetes caso fossem verificados fora da gravidez! 

Atualmente, se você é gestante e tem uma glicemia de jejum (coletada corretamente, com jejum entre 8 e 12 horas) de 92 mg/dL ou mais, já é considerada como tendo diabetes gestacional – sem necessidade de repetir o exame depois. 

Se, entretanto, a glicemia de jejum no primeiro trimestre for normal (menor que 92 mg/dL), segue-se a gestação como de hábito, sem recomendação específica de dieta. Quando chegar às 24 semanas, é o momento de fazer o teste de tolerância à glicose. Nele, você colherá uma glicemia de jejum e em seguida receberá um líquido contendo 75g de glicose (às vezes os pacientes reclamam do sabor, mas não costuma ser  motivo de transtorno); aguarda-se no laboratório e repete-se a coleta em 1 hora e novamente em 2 horas. Os parâmetros considerados normais para esse exame, na gravidez, são os seguintes:

  • Jejum: menor que 92 mg/dL
  • Após 1h: menor que 180 mg/dL
  • Após 2h: menor que 153 mg/dL

Se pelo menos um desses pontos for alterado, então estamos frente a um caso de diabetes gestacional, e seguimos as recomendações que vou falar mais adiante.

Outros tipos de diabetes que podem ocorrer na gravidez

Uma gestantes pode ter diabetes mellitus já diagnosticado antes da gestação. Essa gestante é considerada como “diabetes tipo 1 ou tipo 2 na gravidez” – de acordo com o seu diagnóstico prévio – e geralmente deve seguir o tratamento previamente recomendado. Mas a tendência é piorar o controle do diabetes durante a gestação. Lembre-se que existem alterações hormonais que aumentam o açúcar no sangue, especialmente a partir da metade do segundo trimestre!

E também há aquelas mulheres que tinham diabetes mellitus já antes da gravidez, mas não sabiam! Essas são consideradas como “diabetes mellitus diagnosticado na gestação”, e seguem um tratamento geralmente parecido ao que se dá às pacientes com diabetes tipo 2. Essas mulheres apresentam uma glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dL, ou uma glicemia após 2h maior ou igual a 200 mg/dL – ou seja, os mesmos níveis que utilizamos para diagnosticar diabetes fora da gravidez. Hoje em dia, as gestantes que apresentam uma hemoglobina glicada (exame que estima a glicemia média nos últimos meses) de 6,5% ou mais também são consideradas com diabetes prévio diagnosticado na gestação.

Riscos e Consequências do Diabetes na Gravidez

Sem o tratamento adequado, o diabetes na gravidez pode trazer riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.

Para a mãe, os riscos incluem:

  • Hipertensão gestacional
  • Maior necessidade de parto cesariano
  • Desenvolvimento de diabetes tipo 2 no futuro

Para o bebê, as complicações mais comuns podem ser:

Fonte: vitat.com.br
  • Crescimento excessivo
  • Dificuldade no nascimento (devido ao tamanho)
  • Hipoglicemia neonatal (queda de açúcar no sangue do recém-nascido)
  • Dificuldades respiratórias após o nascimento
  • Sofrimento intrauterino
  • Risco aumentado de obesidade e diabetes na vida adulta

Nos casos em que já existia diabetes antes da gravidez, especialmente quando o controle de glicose não é adequado, podem ocorrer malformações e alterações cardiológicas no bebê, além dos problemas citados acima.

É essencial seguir um plano de tratamento cuidadoso para reduzir todos esses riscos!

A Importância da Alimentação e Exercício

Uma dieta balanceada e a prática de exercícios são essenciais para o controle da diabetes gestacional.

Dieta

Se você tem diabetes, priorize alimentos de baixo índice glicêmico, ricos em fibras, proteínas de qualidade e gorduras saudáveis. Evite açúcares refinados e carboidratos simples.


Atividade física

Exercícios podem e devem ser realizados na gestação, especialmente quem tem diabetes gestacional. Para quem já faz exercícios, geralmente não se recomenda interrompê-los quando chega a gravidez – exceto em situações específicas. É aconselhável, sim, adaptaá-los (leia o artigo sobre as recomendações gerais de pré-natal). Por incrível que pareça, o alvo de atividade física atualmente recomendado para gravidez são 150 minutos de exercícios moderados por semana!  

Mesmo para quem não é habituado a praticar esportes, é aconselhável iniciar atividades leves e seguras, como caminhadas e yoga. Eles não só ajudam a controlar os níveis de glicose, mas também trazem bem-estar físico e emocional.

Monitoramento e Controle

Glicemia

O acompanhamento dos níveis de glicose é um aspecto chave no seguimento de uma gestante com diabetes. É recomendado verificar periodicamente a glicose no sangue. Na maioria das vezes, utilizam-se fitas para verificar a glicose na gota de sangue retirara do dedo, e a leitura é feita visualmente ou por um aparelho. Hoje em dia já podemos utilizar também um adesivo que fica continuamente no braço e que permite a leitura do nível de glicose por um aparelho ou mesmo pelo celular. 

O momento da gravidez em que iniciam e a periodicidade com que devem ser feitas essas medições de glicose variam de mulher para mulher. Em alguns casos, é necessário verificar a glicemia antes e após todas (ou algumas) refeições; outras vezes (especialmente para os casos leves de diabetes gestacional), a verificação da da glicemia de jejum diária ou em alguns dias na semana pode ser suficiente.

Em geral, procura-se que a maioria das glicemias seja até 95 mg/dL (se em jejum), até 140 mg/dL (se medida 1 hora após a refeição) ou até 120 mg/dL (se medida 2 horas após a refeição) para gestantes com fetos de tamanho normal.

Crescimento e peso fetal

Uma outra forma de monitorizar se o controle da glicose está adequado é através do crescimento do bebê. Quando o bebê cresce demais – mais especificamente, quando o seu abdome está acima do percentil 75 (ou seja, entre os bebês com a mesma idade gestacional, está entre os 25% mais gordinhos) – pode ser um sinal de que há mais glicose na circulação da mãe do que gostaríamos.

Esses dados nos guiam na adaptação da dieta, no uso de medicações, e na monitoração geral da saúde  da gestante e do bebê.

Bem-estar fetal

Como falado anteriormente, algumas complicações importantes podem acontecer com o feto, principalmente nos casos com diabetes mal controlado. Insuficiência placentária, trombose de cordão umbilical, sofrimento fetal e, infelizmente, até óbito intrauterino pode ocorrer em casos mais graves no final da gestação. 

Por isso, é recomendado avaliar  periodicamente o bem-estar do bebê no terceiro trimestre. Para diabetes gestacional bem controlado com dieta, parece ser suficiente fazer essas avaliações a partir de 36 ou 37 semanas. Para os casos mais complicados, as avaliações iniciam até um mês antes.

E a movimentação fetal é sempre considerada um bom parâmetro na gravidez com diabetes! Se você tem diabetes  e achar que o bebê está mexendo menos do que o habitual, deve ser falar com seu médico ou ser avaliada. 

Tratamento Medicamentoso

Quando dieta e exercício não forem capazes de manter os níveis ideais de glicose no sangue ou o crescimento fetal dentro dos parâmetros normais, indica-se o uso de medicações. 

A medicação mais utilizada é a insulina, que é injetável, aplicada uma, duas ou mais vezes ao longo do dia, por via subcutânea. Há diferentes tipos de insulina, com inícios de ação e tempos de duração diferentes. A combinação entre eles varia ao longo da gravidez, e de caso para caso. 

Algumas medicações por via oral também podem ser utilizadas muitas vezes, associadas ou não à insulina.

Fonte: gravidezsaudavel.com.br

Apoio Emocional e Informação

Além do suporte físico, o apoio emocional é vital. Entendo que lidar com essa condição pode ser estressante. São vários meses com restrições e esforços significativos, e nem sempre é fácil seguir todas as recomendações. O apoio constante da família e do profissional de saúde é fundamental.

Preparação para o Parto

Um bom controle do diabetes gestacional aumenta as chances de um parto normal e saudável. Entretanto, não costuma ser recomendado que a gestação passe das 40 semanas nos casos de diabetes, mesmo que bem controlado. Quando é necessário o uso de medicamentos para controlar a glicose,  quando há sinais de que  o controle não é adequado (hiperglicemias, crescimento fetal excessivo), ou quando há dúvidas sobre a saúde fetal nas avaliações de bem-estar, é recomendado interromper a gestação com 39 ou até mesmo 38 semanas. É importante individualizar cada caso. E é fundamental   discutir  as melhores opções de parto, adaptando-o  às necessidades e preferências  da gestante e à saúde do fetal,  garantindo a segurança de ambos.

Cuidados Pós-Parto

Assim que nasce o bebê, o diabetes gestacional é considerado “curado”. Entretanto, é importante continuar monitorando a saúde da mulher. Apesar de o diabetes gestacional habitualmente se resolver após o nascimento, é necessário repetir o teste de tolerância a glicose após dois meses para conferir que tudo voltou ao normal. Algumas mulheres acabam seguindo com um diabetes tipo 2 logo após o nascimento.

Estratégias de Longo Prazo para a Saúde Materna

Uma vez superado o diabetes gestacional, é fundamental manter um estilo de vida saudável. Mulheres que tiveram diabetes gestacional têm maior chance de desenvolverem diabetes no futuro. 

Mais importante ainda: ter diabetes em uma gravidez aumenta a chance de ter diabetes também nas póximas! Para reduzir essa chance, o melhor é continuar com uma dieta saudável, praticar atividades físicas e atingir o peso ideal antes de uma nova gravidez. Costumo discutir estratégias alimentares e de exercícios que sejam sustentáveis e benéficas a longo prazo.

diabetes gestacional médico cuidando

Enfim, é preciso encarar o diabetes gestacional como um desafio temporário na jornada da maternidade. Com o acompanhamento correto, uma dieta balanceada, exercícios adequados e apoio emocional, é possível passar por isso com força, segurança e saúde. Escolha um profissional que consiga  guiar, apoiar e cuidar de você e do seu bebê, garantindo uma experiência de gravidez positiva e saudável.

Fontes:
lembre-se aviso segurança 2

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