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Pressão alta na gravidez: nove respostas pra lhe deixar segura

Você tem pressão alta e está grávida? Ou você tem medo de ter pressão alta na gravidez? Quais são os perigos de ter pressão alta na gravidez?

A hipertensão complica de 7 a 10% de todas as gestações. A hipertensão pode surgir como uma condição nova durante a gravidez ou pode ser uma condição que a gestante já possuía. Se você passa ou já passou por essa situação, ou mesmo se tem alguma parente próxima que teve problemas relacionados à pressão arterial, pode estar se sentindo insegura com relação ao melhor cuidado para a sua gestação. 

Pressão Alta na Gravidez - Dr. Cristiano Salazar - hipertensão na gravidez
Doctor measuring blood pressure of her pregnant patient. High quality photo

Quem cuida da gestante com pressão alta?

Desde que comecei a cuidar de gestantes, há quase 28 anos, as grávidas com problemas de pressão têm representado um número significativo das pacientes que atendo, tanto no consultório quanto no hospital universitário. Um pré-natal bem feito é a chave para o manejo da pressão alta na gravidez e para a prevenção de complicações. E um médico obstetra com experiência em gestações de alto risco é fundamental para cuidar adequadamente de você e do seu bebê! 

Outros profissionais ou especialistas também podem ser necessários: ultrassonografistas especializados em medicina fetal, nutricionistas, cardiologistas, profissionais de educação física, neonatologistas… mas todos eles coordenados pelo seu pré-natalista, que é a pessoa que estará sempre do seu lado nessa jornada.

Dr. Cristiano Salazar
  • Médico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996)
  • Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (1997-2000)
  • Médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, referência em obstetrícia avançada na Região Sul
  • Membro da Comissão Nacional Especializada em Tromboembolismo e Hemorragias da Mulher (Febrasgo)
  • Pós-Graduado em Terapia Intensiva (não especialista)
  • Instrutor em treinamentos sobre Hemorragia Obstétrica e Parada Cardiorrespiratória em Gestantes
  • Experiência e dedicação à Obstetrícia, especialmente a Gestações de Alto Risco
Em busca de um atendimento atencioso e personalizado para uma gravidez de risco? Deseja segurança e experiência, mesmo durante uma gravidez sem complicações? O Dr. Cristiano Salazar ofere consultas online e presenciais no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre – RS. Agende agora a sua consulta e assegure o melhor cuidado possível para a sua saúde e a do seu bebê!

A informação é uma ferramenta poderosa, e estar bem informada é o primeiro passo para uma gestação tranquila e segura. Este artigo é apenas um ponto de partida para a compreensão da relação entre gravidez e pressão alta, para deixá-la mais atenta e capaz de entender o problema. Vou tentar responder às dúvidas mais frequentes.

  1. Na gravidez, o que é considerado pressão alta?
  2. Há tipos diferentes de pressão alta na gravidez?
  3. Qual o problema de ter pressão alta na gravidez?
  4. Quem tem pressão alta na gravidez sempre tem que usar remédio?
  5. Afinal de contas, o que é pré-eclampsia?
  6. Como é o acompanhamento da mulher com pressão alta na gravidez?
  7. Até quando vai a gestação com hipertensão?
  8. A grávida com hipertensão tem que ter cesariana?

Na gravidez, o que é considerado pressão alta?

Você já deve saber que, quando um profissional mede a sua pressão, o resultado vem como a relação entre dois valores. A pressão sistólica é o valor mais alto que aparece durante a medição, e está ligada ao movimento de contração do coração. Já a pressão diastólica é o valor mais baixo, e está ligada ao relaxamento do coração.

Na gravidez, quando temos um pressão sistólica de 140 mmHg ou mais, ou uma pressão diastólica de 90 mmHg ou mais, já consideramos como hipertensão – ou seja, 140/90 ou “quatorze por nove”. Mas,  calma, não se alarme se você já teve alguma medida de pressão assim!

Em primeiro lugar, é obrigatório que essa medição tenha sido feita em condições ideais: sentada, em repouso de pelo menos 3 a 5 minutos, sem ter feito grandes esforços nos últimos 30 minutos. E se a pressão realmente dá alta, ainda precisa ser repetida após mais repouso, mais tempo de observação. A rigor, somente se a pressão permanecer alta após algumas horas de repouso deve ser considerada como  hipertensão real. 

Mesmo assim, muitas vezes vemos ocorrer episódios de pressão alta intercalados com pressão normal; ou aqueles casos em que a pressão só fica alta na frente do médico, mas sempre é boa em casa (hipertensão do “jaleco branco”). Essas são pacientes que  também merecem atenção cuidadosa.

Pressão alta na gravidez
Fonte: https://boaforma.abril.com.br (simpson33/Thinkstock/Getty Images)

Há tipos diferentes de pressão alta na gravidez?

Sim. Há diferentes “síndromes” relacionadas à pressão alta na gravidez. O manejo varia entre esses diferentes tipos, mas todos merecem cuidado especial.

  • Hipertensão Gestacional: esta condição se desenvolve após a 20ª semana de gravidez em mulheres que não tinham pressão alta antes. Geralmente, ela se resolve após o parto, mas requer atenção.
  • Hipertensão Arterial Crônica Complicando a Gravidez: é a pressão alta que estava presente antes da gravidez ou que se manifesta antes das 20 semanas de gestação.
  • Pré-eclampsia: Uma condição mais séria, que pode se desenvolver  na segunda metade da gravidez, mesmo sem qualquer histórico prévio de pressão alta. A característica principal dessa doença é, além de uma hipertensão gestacional, a perda exagerada de proteína na urina. 
  • Hipertensão com Pré-eclampsia Sobreposta: Ocorre em mulheres com hipertensão arterial crônica que desenvolvem pré-eclampsia.

Qual o problema de ter pressão alta na gravidez?

A pressão alta na gravidez se associa a complicações para a mãe e para o bebê. A mãe corre o risco de acidente vascular cerebral, infarto, descolamento de retina, convulsões, alterações no rim e no fígado. Pode ocorrer descolamento de placenta, o que é potencialmente grave, tanto para a mãe como para o feto. E pode haver redução do crescimento do bebê, diminuição do líquido amniótico, sofrimento e óbito fetal, nascimento prematuro… 

Obviamente, a ocorrência da maioria dessas complicações pode ser reduzida com medicações preventivas, tratamento adequado, acompanhamento especializado, identificação precoce de sinais de gravidade, controle de peso, exercícios e cuidados alimentares. 

Quem tem pressão alta na gravidez sempre tem que usar remédio?

Não! Grande parte não vai precisar usar nada. 

Sempre que houver uma pressão igual ou maior que  160/110 mmHg, vamos ter que usar alguma coisa agudamente para baixar. Essa é a situação mais clara de emergência, e que faz com que a gente se preocupe com problemas a curto prazo.

Mas se a pressão fica abaixo desse valor continuamente, não necessariamente vai precisar usar alguma coisa. O alvo de pressão continuada que, hoje em dia, procuramos atingir  é um pouco abaixo de 140/90. 

A medicação anti-hipertensiva mais utilizada na gravidez é a metildopa. Outras medicações que também são utilizadas são  bloqueadores de canal de cálcio, beta-bloqueadores, alfa-bloqueadores… Por outro lado, medicações comuns como inibidores da enzima conversora da angiotensina (inibidores da ECA) são contraindicadas. Os medicamentos para reduzir colesterol também são suspensos na gravidez. Quando uma mulher usa anti-hipertensivos antes da gravidez, o ideal é trocar para os medicamentos permitidos  já antes da gestação, ou o mais cedo possível quando a descobre.

medicamentos anti-hipertensivos. Pressão alta na gravidez - Dr. Cristiano Salazar

Afinal de contas, o que é pré-eclampsia?

A pré-eclampsia é uma complicação exclusiva da gravidez, caracterizada por pressão alta e perda de proteína na urina (proteinúria) em quantidade significativa. O problema é que quem tem pré-eclampsia tem chance de ter complicações em outros sistemas ou órgãos do corpo. Aquelas complicações graves que falei acima são mais frequentes em quem tem pré-eclampsia. Infelizmente, ainda é um risco importante à vida das mães no mundo, assim como uma importante causa de prematuridade.

A maioria dos casos de pré-eclampsia vai ser leve. Ou seja, a gestante permanece sem sintomas, a pressão vai se mantendo abaixo de 160/110 mmHg, não há alterações nos exames laboratoriais e não há alterações no bebê ou na placenta.

Eclampsia e Síndrome HELLP

A eclampsia é uma progressão grave da pré-eclampsia e é caracterizada por convulsões. Para prevenir a eclampsia, muitas vezes se utiliza sulfato de magnésio no trabalho de parto e após o nascimento. Essa também é a medicação que deve ser dada à gestante com pré-eclampsia que apresenta sinais de alerta (dor de cabeça, alterações de visão, dor no estômago).

A síndrome HELLP, uma forma mais rara mas muito grave de pré-eclampsia, caracteriza-se por uma elevação importante nas enzimas do fígado, redução de plaquetas e outras alterações nos glóbulos vermelhos. Existe grande preocupação com a coagulação do sangue em pacientes com síndrome HELLP.

Quais são os sintomas? Tenho que ficar atenta a quê?

Isso é muito importante! Se você tem pressão alta na gravidez, tem que prestar atenção aos seguintes sintomas, considerados sinais de alerta:

  • Dor de cabeça
  • Alterações na visão (visão turva, embaralhada, com brilhos ou “moscas” voando)
  • Dor continuada na parte superior  do abdome
  • Confusão mental
  • Inchaço repentino em todo o corpo e rosto
Cefaleia. Hipertensão na Gravidez. Dr. Cristiano Salazar.
Fonte: https://revistacrescer.globo.com

A ocorrência desses sinais pode significar que uma convulsão de eclampsia está prestes a ocorrer, ou que o fígado contém um hematoma. Por isso, quem tem pré-eclampsia ou mesmo hipertensão na gestação tem que entrar em contato com o seu médico ou procurar a emergência caso apresente algum desses sintomas.

Quem tem mais chance de ter pré-eclampsia?

Mulheres que já tiveram pré-eclampsia no passado – especialmente as formas graves – são as que mais têm chance de desenvolver pré-eclampsia em uma nova gestação. Também, mulheres que já tinham pressão alta antes da gravidez têm mais chance. Além disso, outros fatores que são consideradas de alto risco para desenvolver pré-eclampsia:

  • Gravidez de gêmeos
  • Obesidade
  • Diabetes tipo 1 ou 2
  • Gravidez fruto de reprodução assistida (fertilização in vitro, ovodoação, inseminação)
  • Doença renal
  • Doenças autoimunes (como lupus, síndrome antifosfolípide)

Quem tem qualquer uma das características acima já tem indicação precisa de fazer prevenção para pré-eclampsia.

E há outras características que aumentam em menor grau a chance de desenvolver pré-eclampsia. Quando a gestante apresenta um ou mais dos fatores abaixo, também tem indicação de fazer prevenção:

  • História familiar de pré-eclampsia (na mãe ou na irmã)
  • Primeira gravidez
  • Idade maior ou igual a 35 anos
  • Gravidez prévia com complicação tipo descolamento de placenta, baixo peso ao nascer, trabalho de parto pré-termo
  • Intervalo de mais de 10 anos da última gestação

Tem como prevenir a pré-eclampsia?

A principal medida preventiva que DEVE ser aplicada a gestantes com fatores de risco é o uso do ácido acetilsalicílico em dose baixa. Sim! Uma “aspirininha infantil” é capaz de evitar a ocorrência de muitos casos de pré-eclampsia! A dose recomendada é de 100 a 150mg por dia (nunca a dose de adulto, de 500mg ao dia, pois essa pode causar problemas se usada cronicamente!), iniciada antes das 16 semanas; geralmente se inicia a partir das 12 semanas de gravidez, mas em muitos casos é possível e até indicado iniciar antes. 

Gestante fazendo esporte. Pressão alta na gravidez. Dr. Cristiano Salazar

Mulheres que têm baixa ingesta de cálcio também devem fazer suplementação para reduzir a chance de pré-eclampsia. A principal fonte de cálcio da dieta são os laticínios, mas vegetais verdes escuros e alguns frutos do mar são boas fontes alternativas. Mesmo assim, a gestante com risco de pré-eclampsia não pode falhar nesse ponto, e geralmente se recomenda garantir  de 1 a 2 gramas de carbonato de cálcio ou 2 a 4 gramas de citrato de cálcio a cada dia.

E há uma medida eficaz que deve ser indicada a TODAS as gestantes: a prática de atividades físicas pode reduzir a probabilidade de desenvolver hipertensão gestacional e pré-eclampsia. As gestantes (que não têm contraindicações, obviamente) deveriam realizar pelo menos 140 minutos de exercícios  por semana de intensidade moderada (leia o artigo Iniciando o pré-natal: o que você precisa saber para começar bem)

E o outro cuidado fundamental é a frequência adequada a um bom pré-natal! É obrigatório verificar a pressão arterial a cada consulta de pré-natal. Quando o profissional de saúde verifica uma alteração, deve ficar alerta à probabilidade de pré-eclampsia, buscar o diagnóstico e tomar os cuidados necessários. E não dá pra ter aquela ideia “Eu nunca tive pressão alta, eu só tenho pressão baixa” ou “Eu sou muito saudável, me alimento e me exercito, então não vou ter nada”… Mesmo havendo uma chance bem menor, sempre existe o risco; ou seja, sempre é preciso cuidar da pressão arterial no pré-natal.

Como é o acompanhamento da mulher com pressão alta na gravidez?

Grávidas com pressão alta devem ser acompanhadas com mais frequência, especialmente no terceiro trimestre. A monitorização da pressão arterial nas consultas é indispensável, bem  como em casa quando indicado.

Além do exame de proteinúria/creratininúria em amostra para firmar ou descartar o diagnóstico de pré-eclampsia, geralmente são necessários exames para detectar sinais de gravidade. E o acompanhamento ecográfico do crescimento fetal, muitas vezes associado à dopplerfluxometria, é fundamental para detectar as repercussões sobre o feto e placenta. 

Um médico pré-natalista de confiança, habituado a gestações de alto risco, é uma peça chave para coordenar a frequência correta de consultas, exames, medicamentos e demais profissionais envolvidos no cuidado. Também é o médico que vai detectar situações de urgência, determinar necessidade de internação hospitalar ou mesmo a indicação de interrupção da gravidez.

Proteinúria. Pressão alta na gravidez. Dr. Cristiano Salazar
Ultrassom. Pressão alta na gravidez. Dr. Cristiano Salazar.

Até quando vai a gestação com hipertensão?

Depende do tipo de doença hipertensiva. Nos casos de pré-eclampsia sem sinais de gravidade, por exemplo, a resolução da gravidez a partir da 36 semanas leva à redução de complicações para a mãe. Naquelas situações com sinais de gravidade, a partir de 34 semanas já é prudente interromper a gestação, pois pode haver complicações maternas graves, e nessa idade de gravidez já se reduzem bastante os problemas relacionados à prematuridade do recém-nascido. Em casos mais graves (síndrome HELLP, eclampsia, pressão de difícil controle, alterações importantes dos exames ou da saúde fetal), interrompe-se a gravidez até mesmo antes disso.

Para as mulheres com hipertensão gestacional (sem pré-eclampsia), há dúvida na literatura sobre o melhor momento para o parto. Alguns protocolos internacionais sugerem acompanhá-las como se fossem casos de pré-eclampsia e interromper a gravidez com 37 semanas; outros protocolos internacionais recentes sugerem, em conduta compartilhada com a gestante, que o parto ocorra a partir de 38 semanas.

A grávida com hipertensão tem que ter cesariana?

Embora muitos tenham essa ideia, as mulheres com pressão alta na gravidez podem, sim, tentar o parto normal. Não costuma haver contra-indicação somente por causa da pressão alta.

Entretanto, quando a gestante chega no período indicado para a interrupção, nem sempre tem condições favoráveis à indução do parto. Além disso, determinadas alterações nos exames, sintomas e na saúde fetal podem tornar inseguro esperar o tempo todo de uma indução, seguida de trabalho de parto, para só então concretizar o nascimento. Isso acaba por aumentar  a chance de indicação de cesariana. 

Sempre a via de parto é uma escolha conjunta e cuidadosa, levando em conta os desejos da gestante, as condições clínicas da mãe e do feto, a estrutura do local onde se dará o nascimento, a indicação do médico e, principalmente, a segurança. 

Conclusão

Enfrentar gravidez e pressão alta pode parecer assustador, mas com o cuidado adequado e seguindo as orientações do seu médico, você pode ter uma gravidez saudável e segura. Lembre-se, cada gestação é única e você não está sozinha nessa jornada.

Fontes:
lembre-se aviso segurança 2

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