Apesar de eu sempre afirmar que a gestação é feitas pra dar certo, existe aquela que é mais complicada: a gravidez de risco. O tema pode causar um certo medo, mas é possível ter os melhores resultados se forem tomados os cuidados corretos. Será que você precisa se preocupar com isso?

O que é uma gravidez de risco?
Em resumo, é aquela gestação que apresenta condições ou fatores que aumentam as chances de complicações, tanto para a mãe quanto para o bebê. Não é algo que você deseje, mas pode acontecer, e é importante estar preparado para enfrentar os desafios que podem surgir.
Quem cuida de uma gravidez de risco?
Um obstetra com experiência em alto risco é fundamental para identificar, acompanhar e planejar o tratamento daquela gestante e daquele feto que precisam de atenção especial. Muitas vezes, as decisões passam por ter uma internação hospitalar, realizar procedimentos especiais durante a gravidez de risco e até mesmo indicar o nascimento antes da idade gestacional considerada ideal.
Ao longo de mais de 25 anos trabalhando constantemente com casos difíceis, pude comprovar que o cuidado individualizado de cada grávida é a chave para um final feliz. Com um pré-natal especializado, cuidados específicos, objetivos reais e planos de tratamento bem traçados, mesmo os casos mais desafiadores podem ser seguidos com leveza, sem deixar de curtir as coisas belas da gravidez.

- Médico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996)
- Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (1997-2000)
- Médico Hospital de Clínicas de Porto Alegre, referência em obstetrícia avançada na Região Sul
- Membro da Comissão Nacional Especializada em Tromboembolismo e Hemorragias da Mulher (Febrasgo)
- Pós-Graduado em Terapia Intensiva (não especialista)
- Instrutor em treinamentos sobre Hemorragia Obstétrica e Parada Cardiorrespiratória em Gestantes
- Experiência e dedicação à Obstetrícia, especialmente a Gestações de Alto Risco
Em busca de um atendimento atencioso e personalizado para uma gradez de risco? Deseja segurança e experiência, mesmo durante uma gravidez sem complicações? O Dr. Cristiano Salazar ofere consultas online e presenciais no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre – RS. Agende agora a sua consulta e assegure o melhor cuidado possível para a sua saúde e a do seu bebê!
As principais situações que caracterizam uma gestação como de alto risco são as seguintes:
- Hipertensão arterial e pré-eclampsia
- Diabetes gestacional
- Gravidez gemelar
- Trombose, Embolia e Trombofilias
- Problemas na Formação do Feto
- Redução do Crescimento Fetal
- Risco de Parto Prematuro
- Idade materna avançada
- Doenças Infecciosas
- Doenças Cardíacas Pré-existentes
- Doenças Pulmonares
- Complicações em Gestações Anteriores
- Acretismo placentário
- Obesidade
- Álcool, Fumo e Drogas
Hipertensão Arterial na Gravidez e Pré-Eclampsia
Uma das condições mais comuns que caracteriza uma gravidez risco é a hipertensão arterial. Muitas mulheres têm a pressão alta antes mesmo de engravidar, mas na maior parte das vezes a pressão começa a aumentar durante a gestação – especialmente após as 20 semanas. A pressão alta pode prejudicar o fluxo sanguíneo para o bebê, causando redução do crescimento, risco de descolamento de placenta, sem contar os riscos para a mãe.

Além disso, quando existe pressão alta e alteração de proteína na urina, temos um caso de pré-eclampsia, que é potencialmente mais grave: pode haver alterações neurológicas, renais, pulmonares, bem como problemas na coagulação, fígado e visão. Também pode ocorrer prejuízo no fluxo para a placenta e para o bebê, levando a prejuízos ao feto.
Diabetes Gestacional
Outra causa muito comum de gravidez de risco é o diabetes gestacional. Isso acontece quando o corpo não consegue usar a insulina de maneira eficaz durante a gravidez, levando ao excesso de açúcar na circulação. Os prejuízos principais são para o bebê, que pode ter um peso exagerado ao nascer (aumentando o risco de obesidade e doença cardiovascular na vida adulta), queda de açúcar no sangue nos primeiros dias e atraso no amadurecimento dos pulmões. Casos mais graves podem até levar à perda do bebê no final da gravidez.

As mulheres que têm diabetes antes de engravidar também são um grupo de risco importante: se o controle glicêmico no período da concepção não fora adequado, aumenta o risco de malformações no bebê. Além disso, o controle da glicose durante a gravidez pode ser mais difícil.
Gravidez Gemelar
Se você está esperando gêmeos, trigêmeos ou mais, automaticamente é considerada com tendo uma gravidez de risco. Isso ocorre porque o corpo da mãe precisa lidar com múltiplos bebês, aumentando a chance de parto pré-termo. A pré-eclampsia é mais comum em grávidas de gêmeos. Além disso, existem complicações específicas para os fetos a depender da relação entre eles (se estão dentro da mesma bolsa, se somente dividem a mesma placenta, ou se são duas bolsas e placentas diferentes).
Trombose, Embolia e Trombofilias
Qualquer paciente que já teve uma trombose ou embolia pulmonar apresenta um risco bastante aumentado de ter novamente na gravidez e no pós-parto. O uso da medicação anticoagulante pela via e com a dose correta é fundamental para preservar a vida da própria gestante, especialmente no período em torno do parto.

Você já deve ter ouvido falar das trombofilias, que são fatores no sangue que aumentam a chance de ter trombose. Algumas dessas trombofilias também aumentam o risco de abortamento ou de complicações graves na gestação. Nem todas, entretanto, realmente indicam um problema ou risco real; é importante ser avaliada por um profissional com experiência e qualificação na área para não fazer tratamentos exagerados, nem deixar de fazer o tratamento quando indicado.
Problemas na Formação do Feto
Às vezes, a própria saúde do feto pode ser um fator de risco. Gestantes com fetos portadores de anomalias genéticas, alterações cromossômicas e problemas na sua formação exigem um cuidado especial – desde a identificação de riscos imediatos até a escolha sobre a maternidade que terá condições de atender aquele bebê. Há bebês com anomalias cardíacas, intestinais e neurológicas que necessitam a integração de muitas equipes diferentes.
Redução do Crescimento Fetal
Muitos bebês não crescem de forma adequada ao longo de uma gravidez de risco, principalmente por insuficiência da placenta. Conforme o grau de redução do crescimento e os fluxos sanguíneos da placenta e do bebê (avaliados por uma ultrassonografia com Doppler), o nascimento pode precisar ocorrer antes do tempo.
Risco de Parto Prematuro

Mesmo que seja normal que a maioria das mulheres apresente contrações durante a gravidez, algumas têm um risco maior de parto pré-termo (que ocorre antes das 37 semanas). Por exemplo, mulheres que já tiveram um bebê prematuro em outra gravidez, que já fizeram determinadas cirurgias no útero (conização, traquelectomia) ou que têm alguma malformação uterina já são consideradas como tendo uma gravidez de risco.
Muitas vezes, é durante a gravidez que se identifica um encurtamento do colo uterino, ou contrações fortes e regulares antes do tempo! Medicações para “segurar” a gravidez e para amadurecer os pulmões do bebê podem ser necessárias, bem como medicamentos preventivos, procedimentos cirúrgicos, internação, repouso… tudo para que o bebê fique o maior tempo possível dentro do útero.
Idade Materna Avançada
A idade da mãe também pode ser um fator de risco. Hoje em dia, as mulheres engravidam mais tarde, e os tratamentos de reprodução assistida permitem que mesmo mulheres mais maduras realizem o sonho de serem mães. Entretanto, a gestação em mulheres mais com mais de 35 anos é considerada uma gravidez de risco porque tem maior probabilidade de complicações, como parto prematuro ou problemas cromossômicos no bebê. Além disso, a placenta “envelhece” mais cedo, levando a riscos importantes para o feto no final da gravidez.

Doenças Infecciosas
Infecções como HIV merecem um atendimento especializado, principalmente devido ao cuidado com as medicações e com a carga viral, que deve ser idealmente negativa ou a menor possível.
Lues (ou sífilis) também é uma causa bastante comum de gravidez de risco nos dias de hoje. O tratamento é simples, obrigatório para a gestante e para o parceiro. Entretanto, se não é feito o tratamento correto, o feto pode nascer infectado e ter consequências bastante graves.
A toxoplasmose é uma infecção que, se contraída durante a gravidez, pode causar abortamento, problemas neurológicos e visuais no bebê. É preciso identificar o quanto antes essa infecção, pois o tratamento correto e precoce dessa gravidez de risco pode evitar os efeitos indesejáveis para o feto.
Doenças Cardíacas Pré-existentes
Se a mãe já possui doenças cardíacas antes da gravidez, isso automaticamente a coloca em uma categoria de gravidez de risco. O coração tem que trabalhar mais durante a gestação, aumentando a chance de descompensação para quem já tem problemas prévios.
Doenças Pulmonares
Especialmente no final da gravidez, a capacidade pulmonar da gestante reduz, aumentando a dificuldade para respirar. A tendência é que os problemas respiratórios (asma, pneumonias, influenza, sequela de infecção por COVID) sejam piores na gravidez.
Complicações em Gestações Anteriores

Se a mãe já teve complicações em gestações anteriores, como partos prematuros, pré-eclampsia ou bebês com baixo peso, é considerada como tendo uma gravidez de risco. Aquelas mulheres que no passado tiveram vários abortamentos espontâneos ou aqueles raros (e tristes) casos que perderam uma gravidez mais adiantada também merecem um cuidado muito próximo e especial. É necessário monitorizar sinais, sintomas e exames, tentando buscar indícios de repetição dos mesmos problemas.
Acretismo placentário
Após o nascimento, a placenta deveria se destacar facilmente da parede do útero. Quando isso não acontece, estamos frente a um acretismo placentário. É uma situação que sempre aumenta o sangramento no parto ou cesariana. Conforme o grau de penetração da placenta na parede uterina, pode ocorrer hemorragia muito intensa, levando até a casos fatais. Embora seja um evento raro, é uma causa cada vez mais frequente de gravidez de risco.
Álcool, Fumo e Drogas
O uso de álcool, tabaco ou drogas ilícitas durante a gravidez pode ser extremamente prejudicial para o bebê, levando a uma gravidez de risco. Aumentam as chances de problemas placentários e de crescimento; depois que os bebês nascem, podem ter dependência, irritabilidade e alterações comportamentais no futuro. É possível tratar a dependência ao longo da gestação – peça ajuda ao seu médico!
Obesidade
O excesso de peso também é um fator de risco. A obesidade pode aumentar as chances de complicações, como diabetes gestacional, hipertensão arterial, parto prematuro e outros problemas. Dificuldades no parto são mais frequentes e devem ser previstas.

Tenho uma gravidez de risco: o que fazer?
Em primeiro lugar, é necessário procurar um médico qualificado, em quem você confie. Durante tantos anos segurando na mão dessas pacientes especiais, pude comprovar que a confiança entre a gestante e o profissional de saúde é fundamental para dar tudo certo!
Juntos, é possível traçar um plano geral para toda a gravidez, pensar nos diferentes cenários (e o que fazer em cada um deles) e monitorar os sinais de alerta. Cada caso é um caso: alguns vão precisar de medicamentos ou recomendações especiais, cuidados dietéticos, repouso ou exercício, exames diferenciados, procedimentos cirúrgicos… Tudo a seu tempo, e de modo individualizado.
A única forma de você ficar tranquila é sentindo segurança no seu atendimento. E não é justo passar por um dos momentos mais importantes da vida de uma família com medo, cheia de receios. Escolha bem o profissional para lhe acompanhar. No final de tudo, é importante olhar pra trás e perceber que se conseguiu um pré-natal seguro, uma mãe saudável, um bebê extraordinário e uma boa lembrança.
Fontes:
- Lockwood CJ, Magriples. Prenatal care: initial assessment. Uptodate, Aug 2023.
- Lockwood CJ, Magriples. Prenatal care: Patient education, health promotion, and safety of commonly used drugs. Uptodate, Aug 2023.
- Brasil, Ministério da Saúde. Manual de Gestação de Alto risco. Brasília: Ministérioa da Saúde, 2022.
- Frett RC. Management of pregnancy in patients of advanced age. Uptodate, Oct 2022.
2 respostas
Gostaria de saber sobre ser doadora de óvulos
Doação de óvulos, no Brasil, somente é realizado sem fins comerciais. Por exemplo, quando uma paciente com indicação de fertilização in vitro não tem condições financeiras de fazer o procedimento, a clínica de reprodução assistida pode intermediar a fertilização com outra paciente que precisa de óvulos: uma paga o tratamento para ambas, a outra doa metade dos seus óvulos. Aqui não é permitido vender óvulos. Sugiro você procurar uma clínica de reprodução assistida para informar-se melhor.